Supervisão para a equipe de trabalhadores dos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes do município de Hortolândia/SP
Supervisor: Milton Fiks
A supervisão para os Serviços de Acolhimento da cidade de Hortolândia teve inicio em janeiro de 2020. Após duas supervisões presenciais, o encontro teve que se tornar virtual. Em julho, conversamos com Patrícia Jorge e Roberta Kelly da Silva, ambas assistentes sociais e coordenadoras dos PAICA I e PAICA II de Hortolândia, respectivamente.
Para Patrícia, a supervisão ter se tornado online foi fundamental para que o serviço se familiarizasse com a nova realidade. Os encontros se tornaram semanais e no decorrer do processo a ansiedade sobre como se expressar e o medo de perder as nuances da presença e do olho no olho foram se quebrando. A supervisão oferecida pelo Neca foi a primeira experiência do Serviço no formato virtual e foi importante frente às necessidades causadas pela pandemia e pela rapidez com que as orientações e resoluções estavam se modificando. A partir do canal de comunicação criado, Milton Fiks, supervisor do projeto e psicólogo associado ao Neca, teve a possibilidade de encaminhar os novos materiais conforme eles surgiam, gerando diálogos sobre as questões que apareciam e trocas muito produtivas.
Uma fala de Patrícia que nos deixa muito contentes foi o fato de que eles se sentiram acolhidos. “Porque na verdade nós nos preocupamos com quem tá aqui e quem se preocupava com a gente? A gente se sentiu acolhido.”
Muito próximo a esse relato foi o de Roberta, coordenadora do PAICA II. Para ela, a supervisão contribuiu muito para a relação com educadores, acolhidos e técnicos, e para as atividades e cuidados necessários ao momento. A supervisão teve todo o suporte necessário e todos lá puderam contar com o auxílio do Milton. A chamada de vídeo aproximou, ainda que virtualmente. Roberta também pontuou a troca constante de materiais, links e orientações quanto ao período de quarentena e ressaltou a dificuldade que é trabalhar em uma instituição de acolhimento em meio à pandemia, levando em conta todas as necessidades de manter os adolescentes seguros e com atividades para distração. Essa foi a primeira experiência do Serviço nesse formato, mas agora outras já estão ocorrendo.
Para ambas as coordenadoras, a supervisão deveria ser contínua, pois é fundamental um olhar de fora para suprir necessidades e dúvidas e para instigar e possibilitar trocas e diálogos.
Curso de Escuta Especializada para o município de Aimorés
Formadores: José Carlos Bimbatte e Aline Conegundes Riba
De 25 de junho a 02 de julho ocorreu, por meio da plataforma Zoom, a Formação de Escuta Especializada para os profissionais do Sistema de Garantia de Direitos de Aimorés/MG. Após o término do curso, recebemos uma carta de agradecimento do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Aimorés pela excelência na formação oferecida.
Conversamos então com Wallace Rosa Gomes, assistente social e Presidente do CMDCA, que participou da formação e de todos os trâmites anteriores a ela. Ele externou muito apreço por todo o processo e pelo suporte oferecido pelo Neca, bem como satisfação pela qualidade do serviço oferecido. As metodologias utilizadas proporcionaram proximidade e interação. Para Wallace, a partir do trabalho realizado por José Carlos Bimbatte e por Aline Riba, psicólogos de formação, associados ao Neca e que foram os condutores dessa experiência, foi possível pensar a realidade e suas especificidades, tendo como parâmetro a discussão em nível nacional. Afinal, os dados de violência contra a criança e o adolescente vêm aumentando e o curso fez com que a rede se realinhasse e se unisse em prol dos seus objetivos. Wallace ressaltou a qualidade teórica e prática ofertada pelos formadores e elogiou a forma como esses conhecimentos foram passados, permitindo a absorção de conteúdo para todos os presentes. Essa foi a primeira experiência com formação à distância e a avaliação interna do CMDCA foi a aprovação com excelência por unanimidade.
Natália Serrano, advogada de formação e Gestora da Secretaria de Assistência Social, outra participante da formação, se surpreendeu com a experiência. Para ela, que também estava vivenciando a sua primeira formação online, a interação e engajamento dos presentes foi muito grande e o curso muito produtivo. Ela definiu a formação como extremamente necessária frente ao momento que estamos vivendo. Afinal, temos que “aprender a viver um novo normal para evitar o contato” e era preciso implantar um cronograma de fluxo de atendimento à criança e ao adolescente, posto que em meio à pandemia a violência continua e pode até se agravar, considerando que as crianças não estão indo para a escola. Foi ideal para não deixar de atender às crianças e adolescentes que estão vulneráveis à violência.
Já Carlane Ribeiro dos Santos, psicóloga, que atualmente está trabalhando no atendimento a pacientes no leito no contexto de Covid-19, ressaltou que nunca imaginou que uma formação online pudesse ter tantas pessoas e ainda sim ter uma proposta dinâmica, aberta para perguntas e cheia de interação. A possibilidade da divisão em grupos foi uma surpresa. Para ela, diante do contexto e das dificuldades pelas quais estamos todos passando, foi uma experiência muito positiva e desconstruiu muitas questões. “A rede agora sabe que é papel de cada um fazer a escuta e que todos devem ter essa habilidade para fazer um encaminhamento”. É importante que a rede esteja articulada e essa formação contribuiu para isso.
Oficina do Módulo 6 do Projeto Inovações Metodológicas para o Trabalho Social com Famílias no SUAS
Formador: Lucas Souza de Carvalho
A 2ª Edição do Projeto Inovações Metodológicas para o Trabalho Social com Famílias no SUAS é uma parceria do Neca com as Secretarias Municipais de Assistência Social de Caraguatatuba, Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião – municípios que integram o chamado Litoral Norte Paulista -, e a SEDS – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo, com patrocínio da Petrobras. Dos seis módulos formativos previstos, cinco foram realizados de forma presencial e o sexto virtualmente devido à crise sanitária causada pelo novo coronavírus. O último desses módulos se tornou uma formação online, conduzida por Lucas Souza de Carvalho, Educador Social e associado ao Neca, que coordenou uma oficina de dois encontros com três horas cada um.
Ao longo do encontro, inúmeras pessoas levantaram a questão da aproximação que essa troca proporciona, afinal, mais do que estar ali virtualmente, é como abrir a casa para todos os participantes. A experiência foi uma navegação, uma viagem, conduzida pelo Lucas. Por isso, antes mesmo do encontro todos receberam uma “Carta aos Navegantes”. Seguindo nessa temática, na chegança foi possível escutar músicas selecionadas por Lucas e apreciar a paisagem de uma praia.
Foram dois dias de atividades pela plataforma Zoom e estiveram presentes profissionais das Secretarias de Assistência Social de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião, Ubatuba, SEDS e DRADS Vale do Paraíba.
Ricardo Araújo, de Caraguatatuba, compartilhou com o grupo o fato de os encontros do Projeto terem despertado nele uma inquietação com relação ao fazer. Afinal, novas experiências e indicações teóricas geram reflexão sobre a prática e sobre o trabalho que se faz a cada dia. Isso é motivador.
O encontro foi finalizado com muitas declarações de afeto e de esperança, com o Ricardo tocando Cartola em seu cavaquinho e com algumas frases de Paulo Freire, dentre elas: “Ninguém começa a ser educador numa terça-feira, às 4 horas da tarde. Ninguém nasce educador, ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre essa prática”.
A formação foi inspiradora e foram muitos os relatos sobre a importância de se trabalhar o coletivo. Ver potencialidade no trabalhar em conjunto. Afinal, a mudança acontece através do coletivo e do social.
As formações online que ocorreram no primeiro semestre contaram com todo o suporte necessário antes e durante os encontros e o retorno de cada um dos municípios foi extremamente positivo. Matheus Oliveira de Souza realizou o apoio ao uso das plataformas garantindo que tudo ocorresse bem durante os encontros. Ele ofereceu suporte aos formadores e aos participantes presentes. É gratificante saber que podemos continuar fazendo a diferença, ainda que virtualmente e de que podemos continuar gerando e difundindo conhecimentos e metodologias para o aprimoramento, para a inovação e para a articulação de políticas de intervenção na defesa de direitos da criança, do adolescente, do jovem e suas famílias.
Daiane Sousa
Comunicação Neca